crítica: paranóia

Paranóia, D.J. Caruso
EUA, 2007
3 estrelas

Relativamente desconhecido até Spielberg lhe deitar as mãos em cima, Shia LaBeouf gozava de um estatuto sem potencial de histórias para contar aos netos. 2007 e a Dreamworks valeram-lhe dois momentos de protagonismo, um em “Transformers”, outro nestre “Paranóia”, e para o futuro próximo já está garantida a presença no quarto “Indiana Jones”. Até ao momento é complicado perceber o fascínio que lhe é dirigido, a admiração dos colegas (como se vê no making of desta edição) ou as razões que o levaram a aparecer em duas capas da Vanity Fair no espaço de um ano. No entanto, as suspeitas só o tornam num caso a seguir com alguma atenção. A ver vamos.


“Paranóia” é um “Janela Indiscreta” para o século XXI, ou seja, uma revisitação ao conceito de voyeurismo num mundo depois dos reality shows e com uma imensidão de utensílios tecnológicos que tornam a tarefa mais fácil e proveitosa. Kale (Shia LeBeouf) é obrigado a permanecer em prisão preventiva domiciliária durante o Verão, depois de ter agredido um professor, e resolve passar o seu tempo a espiar os vizinhos. Mais tarde, quando começa a suspeitar que um deles, Robert Turner (David Morse), é um assassino em série, recebe a ajuda de Ashley (Sarah Romer), nova no bairro, e Ronnie (Aaron Yoo), colega de escola. As semelhanças com a obra de Hitchcock são óbvias ao longo da história, mas “Paranóia” tende a distanciar-se de elementos que tornaram “Janela Indiscreta” num clássico. Sobretudo por ser um filme de e para adolescentes.


Os extras completam-se com duas boas razões para rever o filme, uma com comentários e outra com trivia, galerias de fotos, algumas cenas cortadas e outtakes, o videoclip “Don’t Make Me Wait” dos This World Fair e o habitual trailer.

Publicado originalmente na Time Out Lisboa a 06/02/2008